quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cena Fragmentada

Cheguei á noite, estavam todos á beira da fogueira à minha espera.
Antes de eu falar qualquer coisa, Chamã tratou logo de convidar a nanja escolhida para ficar de pé e receber seu futuro pacu.



Cheguei, todos pareciam entusiasmado.
Chamã me observou da cabeça aos pés, e perguntou:
- Onde está a mística?
O olhei por alguns instantes, e em seguida pedi para que todos se calassem, pois queria dar um comunicado.
Chamã só me observou.
E comecei:
- Como Chamã há alguns dias atrás comentou.
“Todos nós temos uma missão nessa vida, cabe a nós saber se elas são boas ou ruins”.
- E eu meus queridos irmãos, percebi que minha missão, não é fazer o acasalamento com uma nanja escolhida pelo pajé.
Todos ficaram abismados. Começaram a comentar uns com os outros.
Olhei para Chamã, e falei:
- Pai, me desculpa. Mas não é assim que quero.
- Quero uma nanja, na qual eu mesmo goste, eu mesmo escolha.
Alguém que eu ame.
Chamã interrompeu-me:
O que aconteceu com você Tucuru? Está ficando louco?
Essa é a nossa tradição, sempre fora assim. Você não pode mudar seu destino.
- Posso sim, eu tenho minhas próprias escolhas.
- E uma delas, não é acasalar com uma nanja assim. Tenho que me sentir preparado, deve ser com a pessoa certa.
- Quantas pessoas aqui não acasalaram com pessoas escolhidas pelo pajé e não são felizes como queriam?
Todos calaram. Alguns sabiam que havia verdade em minhas palavras.
Apenas terminei o comunicado, dizendo que esperava que eles me entendessem.
Estava exausto. Fui para a tacha e dormi.
Na manhã, o comentário era o mesmo na tribo.
A minha desobediência da tradição da tribo havia afetado muito.
- Mas o que poderia fazer?
Realmente não queria seguir a tradição.
E outra, eu não havia conseguido a flor.
Aquela nanja misteriosa levou a ultima mística.

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